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12 de março de 2018

LENDA DE PENAGUIÃO

Santa Marta de Penaguião

APL 934

«Santa Marta de Penaguião, hoje Concelho do Distrito de Vila Real, foi, segundo diz a lenda, invadida e dominada pelos sarracenos, os quais, para consolidarem a sua permanência, construíram um castelo, lá no alto da encosta, agora coberta de cepas e de oliveiras, mas, nessa altura, cheia de espessos matagais.

Dali, podiam facilmente defender-se de possíveis tentativas para os desalojar e, ao mesmo tempo, vigiar os habitantes das aldeias em redor. 

A posição quase inacessível do castelo e a força poderosa dos seus ocupantes mantinham os autóctones em forçada submissão e tiravam-lhe a veleidade de esboçar qualquer gesto de revolta. 

Além disso, faltava-lhes um chefe capaz de aproveitar o seu descontentamento e de aglutinar as energias dispersas, para conseguir pôr fim ao domínio odioso dos invasores. 

Por isso, os suportavam, embora interiormente revoltados, esperando pacientemente o dia em que ele surgisse e desse corpo ao seu sonho de, liberdade. 

E esse dia chegou com o aparecimento de dois intrépidos fidalgos, irmãos no sangue e no valor, que ali se fixaram, vindos não se sabe donde, e se mostraram decididos a chefiar a revolta contra os indesejáveis filhos de Maomé. 

Eram eles D. Telo e D. Rausendo, homens de antes quebrar que torcer, que punham o amor à terra acima do amor à vida e o pundonor acima do egoísmo. 

Inconformados com aquela situação desonrosa, depois de auscultarem a vontade popular, conceberam um plano astucioso, para o assalto ao castelo. 

Escolheram os mais audazes, distribuíram-lhes armas, deram-lhes as instruções necessárias e marcaram o dia do combate. 

Quando esse dia chegou, juntaram-se na capela onde estava a imagem de Santa Marta de quem eram muito devotos. Aí, suplicaram-lhe protecção para aquela empresa santa, mas arriscada, e comprometeram-se a dar o seu nome àquela região se os ajudasse a alcançar a vitória contra os infiéis. 

Depois, fizeram as últimas recomendações e, ao anoitecer, começaram a caminhar em direcção ao castelo, em rigoroso silêncio, protegidos pela escuridão. 

Chegados ao alto, esperaram que as sentinelas adormecessem e, quando sentinelas e soldados descansavam tranquilamente nos braços de Morfeu, D. Telo e D. Rausendo destacaram-se do grupo e avançaram para a fortaleza. 

D. Telo atirou uma corda às ameias junto das portas, enquanto D. Rausendo lançava outra às ameias junto da torre de menagem. Depois de escalarem a muralha, o primeiro desceu pela corda para o interior e abriu as portas de par em par, ao mesmo tempo que o segundo subia à torre onde içou o guião que levava consigo. 

Depois, quebrou o silêncio da noite, gritando com toda a força: Pena! Guião! 

Era a senha pré-estabelecida que queria dizer: bandeira no castelo. 

A estas palavras, os companheiros, que estavam próximos, irromperam como um furacão pelas portas escancaradas e esmagaram rapidamente os sarracenos que não tiveram tempo de esboçar qualquer resistência.

Era o fim da tirania dos muçulmanos e o princípio da liberdade dos cristãos. 

Então, para cumprirem a promessa feita à sua Padroeira, deram, por aclamação unânime, às terras de toda aquela região o nome de terras de Santa Marta e acrescentaram-lhe as palavras da senha: Pena Guião. 

E foi assim que nasceu o nome completo, que ainda permanece: Santa Marta de Penaguião.»

Fonte Biblio: FERREIRA, Joaquim Alves Lendas e Contos Infantis Vila Real, Edição do Autor, 1999, p.131-132

Ano: 1999

Place of collection: Louredo, SANTA MARTA DE PENAGUIÃO, VILA REAL

www.lendarium.org/narrative/santa-marta-de-penaguiao/?tag=576, [Consultado em 12mar2018]



Lenda de Santa Marta de Penaguião

APL 3688

«Diziam os mais antigos que as origens de Santa Marta de Penaguião estão ligadas aos irmãos D. Rausendo e D. Tedo, dois heróis muito famosos nas terras do Douro, onde combateram os mouros expulsando-os da região. 

Conta a lenda que os mouros, quando invadiram estas terras, construíram uma fortaleza num morro próximo da vila, onde já só há ruínas. Aí dificilmente alguém se atreveria a combatê-los. Só com muita coragem. 

E coragem era o que não faltava a D. Rausendo e D. Tedo. Por isso, o povo, cansado do domínio dos mouros e dos seus tributos, um dia pediu-lhes ajuda. E os dois irmãos não hesitaram em responder ao apelo. 

Em segredo, juntaram numa noite de lua cheia os mais audazes da povoação, e colocaram-nos num local estratégico a meio da encosta. E os dois irmãos, com uma bandeira nas mãos, disseram: 

- Esta bandeira será o vosso guião! Quando a virdes colocada na penha, avançai que a entrada estará livre. E Santa Marta, vossa padroeira, há-de acompanhar-nos! 

Os dois escalaram então o castelo, e surpreenderam os mouros que estavam de sentinela, matando-os sem que tivessem podido dar o alarme. E de seguida, enquanto um dos irmãos abriu as portas do castelo, o outro foi ao alto da penha e colocou a bandeira bem à vista. 

Nisto, no esconderijo da ladeira, um dos moradores logo deu o alerta aos companheiros: 

- Vejam! Na penha... o guião! 

Foi o bastante para que todos irrompessem pela encosta, entrando no castelo, onde, pela surpresa e com o auxílio de D. Rausendo e D. Tedo, venceram os mouros, expulsando os que escaparam com vida. 

E àquele grito de alerta - “na penha... o guião! - se deve o nome que, primeiro, foi “Penha-guião” e, depois, se simplificou em Penaguião. E porque a bandeira os guiou e Santa Marta os acompanhou, depressa a vila ficou com o nome de Santa Marta de Penaguião.»

Fonte Biblio: PARAFITA, Alexandre A Mitologia dos Mouros: Lendas, Mitos, Serpentes, Tesouros Vila Nova de Gaia, Gailivro, 2006 , p.320-321

Ano: 2002

Place of collection: Lobrigos (São João Baptista), SANTA MARTA DE PENAGUIÃO, VILA REAL

www.lendarium.org/narrative/lenda-de-santa-marta-de-penaguiao/?tag=576, [Consultado em 12mar2018]

MIL ANOS DE HISTÓRIA

«SE EM MIL ANOS DE HISTÓRIA DAS TERRAS DE PENAGUIÃO TIVESSE QUE DESTACAR TREZE (CATORZE) PERSONALIDADES, ESCOLHERIA: 

 1. D. Sancho I (1154-1211), 2º Rei de Portugal: Foral a Fontes, em 1202. 

 2. D. Dinis (1261-1325), 6º Rei de Portugal: Carta de Doação do “Herdamento de Santa Marta, no Julgado de Penaguião”, em 1282. 

 3. D. Manuel I (1458-1521), 14º Rei de Portugal: Foral do Concelho de Penaguião e dos Concelhos de Fontes e Godim, seus anexos, em 1519. 

 4. Guilherme Bro (? – 1555), Cura de S. Miguel de Lobrigos, em 1550-51, condenado pela Inquisição, foi queimado em Auto de Fé, em 1555. 

 5. D. João Rodrigues de Sá e Meneses (1619-1658), 3º Conde de Penaguião: participante ativo na restauração de 1640. 

 6. D. Rodrigo Anes de Sá Almeida e Meneses (1676-1733), 7º Conde de Penaguião, 3º Marquês de Fontes e 1º Marquês de Abrantes: Governador de Armas da Cidade do Porto, Embaixador em Madrid e na Santa Sé. 

 7. D. Ana Maria Catarina Henriqueta de Lorena (1691-1761), Duquesa de Abrantes e 9ª Condessa de Penaguião: Camareira-môr d a Rainha D. Maria Vitória, mulher de D. José I. 

 8. Diogo Barbosa Machado, Abade de Sever (1682-1772), Historiador e Bibliógrafo, Sócio Fundador da Real Academia de História e autor da célebre ”Biblioteca Lusitana”. 

 9. Frei João de Mansilha (1711- 1780), Inspirador da criação da Região Demarcada do Douro e da criação da Real Companhia Geral da Agricultura das Vinhas do Alto Douro, Provincial e Visitador/Reformador da Ordem Dominicana, Inquisidor do Tribunal do Santo Ofício de Lisboa e Deputado do seu Conselho Geral, Conselheiro do Rei, Frei João foi sobretudo, entre 1756 e 1777, o Procurador da Companhia, junto da Corte e do Governo de Pombal. 

 10. António Teixeira Rebello (1750- 1825), Marechal e Secretário de Estado dos Negócios da Guerra, Fundador do Colégio Militar. 

 11. Inocêncio António de Miranda, Abade de Medrões (1761-1836), Bacharel em Teologia por Salamanca, Deputado nas Coortes Constituintes de 1821-22, autor de “O Cidadão Lusitano”, maçon e liberal radical. 

 12. José António Carlos de Azevedo, Bacharel em Direito e Presidente de Câmara, pelo menos no período de 1844-1848. Um Presidente muito interventivo e atento aos problemas da viticultura. 

 13. Dois Irmãos Livreiros e editores: José Pinto de Sousa Lello (1861-1925), e António Pinto de Sousa Lello (1869-1953): fundadores da Livraria Lello em 1906.»

 In Artur Vaz, Facebook, 12março2018

TERRAS DE PENAGUIÃO E AS MAIS ANTIGAS REFERÊNCIAS

«TERRAS DE PENAGUIÃO E AS MAIS ANTIGAS REFERÊNCIAS QUE, ATÉ HOJE, ENCONTREI AOS SEUS NOMES: 

 - "PENAGUIÃO": 1134 (Criação do Couto da Albergaria do Marão, por D. Afonso Henriques: “…et inde quomodo diuidit cum Pena Guiam…”). 

 - "SANTA MARTA": 1282 (Carta de Doação de D. Dinis: “o meu herdamento que chamam Santa Marta do Julgado de Penagoyam…”). 

 - "ALVAÇÕES DO CORGO": 1258 (Inquirições de D. Afonso III, no capítulo do Julgado de Panóias, no título da freguesia de Folhadela: «… o monte da Azinheira (“Açineira”) com o seu termo, que está na Ermida do Corgo, é do Rei, e agora têm-no por força, os homens de Santa Comba que são dos militares, e os homens de Lobrigos e os homens de Alvações Velha (“Aluasoes ueteribus”)… E no título da “Freeguisia de Sam Miguel de Poijares” diz-nos que uns cavaleiros de Alvações venderam e eliminaram a portagem da foz do Corgo: «…uenderarona os caualeiros d Aluações…». 

 - "CUMIEIRA": Nas “Inquirições” de 1258 (D. Afonso III), Santa Eulália da Cumieira é dita como a “Freeguisia de Sancta Ouaija d, Andufe”. E na “Inquirição da Beira e Além Doiro” feita em 1288 (D. Dinis), no Julgado de Pena Goyam, é referida como a “Freguesia de Santa Ouaya”. Em 1320-21 no arrolamento das igrejas taxadas no Julgado de Panóias aparece finalmente como “Igreja de Santa Ouaia de Comieira”. 

 - "FONTES": 1202 (Foral de D. Sancho I: «…omnibus populatoribus de Tauoadelo, et de Fontes et de Crastelo, numero XXXXª facio cartam firmitudinis de foro…»). - “FORNELOS”: 1257 (Carta de Foro de D. Afonso III: «…toda a minha herdade que tenho no lugar de Fornelos (in ipso loco de Fornelos)…».. - “LOUREDO”: 1134 (Criação do Couto da Albergaria do Marão: «…e daí pelo termo de Toesendis e Lauredo e daí a Bandussum e daí como divide com Pena Guiam…».) 

 - "MEDRÕES”: 1287 (Carta de Foro de D. Dinis: «amha Erdade que he em thermo de Medrões»). 

 - “SANHOANE”: 1258 (Inquirições de D. Afonso III, onde, no capítulo do Julgado de Penaguião, foi dita como “Freeguisia de Sant Andre de Medim”, mas na descrição feita apareceu, pelo menos duas vezes, o nome de “San Joahanne de Medim”. No mesmo ano, na “Carta de Foro de Laurentim” referiu-se “Sancto Iohanne de Medym”. E na “Inquirição da Beira e de Além Doiro” (1288), como “Freguesia de S. Joham de Medim”. 

 - "S. JOÃO DE LOBRIGOS": 1183 (Carta de Doação de D. Afonso Henriques: “de illo regalengo medo quod dicitur Louerigos”). Importa, no entanto referir que nos documentos do concílio de Lugo, em 569, entre as aldeias (“pagos”) que integravam a Sé Portucalense aparece “Aliobrio”. A mesma localidade onde o P.e João Parente garante que os Visigodos cunharam moeda. “Aliobrio” que, também na opinião do mesmo investigador, evoluiu para “Aloifrido”, ou “Aliofrido”, como é dito em alguns documentos do século XII, nomeadamente, em 1116, quando D. Teresa troca uma herdade em Fontelas por uma vinha que “tanto me agradou e é situada em Aloifrido”, ou em 1138, na carta de testamento feita por D. Afonso Henriques à ermida de Santa Comba nas margens do Corgo, onde é citada uma outra “Santa Columba de Aliofrido”. 

 - "S. MIGUEL DE LOBRIGOS": 1258 (na Carta de Foro de Laurentim: «meum regalengum de Lourentim quod est in termino de Penaguyam sicut diuidit cum Louerigos et cum Sancto Michaele….». E nas Inquirições do mesmo ano, onde, no Julgado de Penaguião é “Freeguisia de Sam Miguel de Louerigos”). 

 - "SEVER": 1233 (Carta de Doação de D. Pedro Alfonsi de uma herdade em Vale Rugio: “…Os homens-bons dos homens-bons que morem em Sever recebam metade (das multas) e deem metade ao palácio…”).»

 In Artur Vaz, Facebook, 12março2018